sábado, 22 de agosto de 2015

O poeta dançarino


Certo dia aconteceu um evento num dos campus de uma grande universidade pública. Como era recital poético, um professor poeta que pertencia o quadro de funcionários ficou indignado por não ter sido convidado para apresentar suas poesias. E chega na sala de aula reclamando:
_ Como pode? Eu sou poeta e ninguém me convida! Eu também não venho!
Estudantes gostam de novidades e logo incentivam:
_ Não, professor, venha! Quem sabe alguém faça uma homenagem ao senhor... Nós queremos conhecer as suas poesias... 
_ É... acho que vocês tem razão! Eu virei... Quem sabe me dão uma chance?

 Foi para o evento com ar aborrecido. Percebeu que não teria nenhuma homenagem. Era  um convidado declamava de cá outro de lá. O professor, cansado,  levanta-se da plateia e começa a declamar uma poesia de protesto, e para delírio dos graduandos, à medida que recitava ia tirando  um peça da roupa e dançando pelo auditório. Após tirar o sapato, chapéu, meia, camisa e jogando no chão.  E retira o cinto e abre a calça e ao começar a tirá-la... a poesia acabou. 

                                                E. Amorim

Ps: Só assim conhecemos o lado poético daquele grande professor.




quarta-feira, 24 de junho de 2015

O gatinho


          Certa época   o trem de passageiro estava   com as  classes lotadas,  pessoas  esbarrando umas nas outras, disputando um local mais cômodo.   Num dos bancos havia uma jovem mãe acompanhada do seu esposo bem mais velho,  e no colo, um bebê de aproximadamente seis meses. 
          Nisso,  a  jovem começa a amamentar o filhinho. E a galera masculina  de olho, disfarçadamente,  naquela bela cena: mãe,  filho e um seio entre eles.  
           De repente o  bebê, como se tivesse constrangido por  está sendo observado, recusa-se o seio oferecido. Vira a cabecinha para um lado e para o outro, faz biquinho e não aceita.
           E a mãe diz de forma carinhosa, tentando fazê-lo  continuar  a sugar o leite materno:
          - Tome filhinho! Tome filhinho! Se não vou dar para o gato.
          E de lá do fundo ouviu:
          - Miau! Miau! Miau!
          O esposo num minuto ficou de pé, abre uma mochila, pega uma peixeira  e grita irritado, balançando a arma:
           -CADÊ O GATO?  CADÊ O GATO?! ALGUÉM VIU UM DIABO DE UM GATO AQUI?!

           Silêncio. E o “gatinho” ficou mudo quando viu a arma.

sábado, 30 de maio de 2015

A palavra do pregador


Certa noite numa congregação evangélica num distrito qualquer,  dois membros de uma igreja foram pregar. Após a fala de um, foi passada a palavra para o segundo. Este, vale lembrar,   era um jovem estudante de pedagogia.  Munido do seu caderno com anotações, vai para o púbito, diante de uma  atônita plateia de trabalhadores idosos da zona rural ele começa o seu discurso. Primeiro passa pelas pedagogias de Paulo  Freire, descansa nas ideologias de Alhusser, percorre as microfísicas do poder nos braços de Foucault e quando chega naquela louca vontade  de potência de Nietzsche...suspira um pouco e diz:
_Isso foi a introdução, agora vou dizer a palavra!
O outro que estava assombrado com aquela manifestação pública de falar línguas estranhas, interrompe:
_Não, irmão! O tempo já se esgotou deixe para outro dia...  Para outro dia.

                                                                        E. Amorim



sábado, 28 de março de 2015

Pulando Carniça



Muito levado a criança de 6 anos ficava saltando nas costas do irmão de 8 anos.  A mãe ao presenciar a cena prevendo um acidente, termina  a brincadeira e a proíbe por conta dos perigos:
_ Não quero saber de pular carniça aqui!
_ Mas, mãe...
_ Não tem mas nem meio mas!
A mãe sai para o trabalho, sem saber que as brincadeiras aconteciam do mesmo jeito. E numa dessas brincadeiras eis o tombo. A criança errou o pulo se se chocou contra um móvel e adeus o dente da frente.
Quando a mãe chega, encontra-o com a mão na boca,  dizendo que não iria falar mais  pois estava  sentido-se muito feio...
A mãe nada disse, arrumou as coisas e foi levá-lo para um dentista. E lá deixou todo o salário de um mês.  Bastante zangada, a mãe questiona:
_ Ainda vão pular carniça?
E a resposta foi imediata:
_Não posso nem pular, nem comer  ou  beber... essa carniça!



 *imagem disponível na web.  -   IVAN  CRUZ, "Pulando carniça III".

terça-feira, 17 de março de 2015

O coelho da páscoa


E não é que  todo ano em algumas  escolas infantis as ações se repetem . Não se sabe exatamente o propósito, mas as crianças são "capturadas" e se vestem de palhaços, índios e  para comemorar a chegada da Páscoa, que tal a fantasia de coelho? E vamos para a seção de fotos!
A criança cresce e os registros ficam...  Folheando o álbum da infância se depara com uma das fotos  e grita:
_Minha mãe, por que a senhora deixou eu virar coelho? 
E mãe sorri e pergunta se ele não havia gostado da lembrança da Páscoa. A resposta foi imediata:
_Amei me vestir de palhaço! Mas posso destruir essa foto?

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pagando promessa


Estava numa noite de temporal uma família reunida.  Lá fora a chuva caía incessante. Até que de repente a energia falta. E a casa fica numa escuridão imensa. A senhora  dona da casa, muito prevenida, já estava com uma vela e um fósforo na mão e diz:
_ O fósforo só há um palito, é acender rápido a vela e procurar outra caixa de fósforo.
E assim foi feito. Com a vela na mão sai em busca de outro fósforo... já pensando na possibilidade da energia não voltar ou a vela se apagar. Nisso o filho  resolve fazer uma brincadeira com a mãe, pois sabia que ela era evangélica e não praticava a ação de “fazer promessa a nenhum santo”.   Diante da cena,  ele diz:
_ Vamos ajudar mãe pagar a promessa?
E atrás da mãe que estava com a vela acesa na mão, ele começa a segui-la acompanhando toda o percurso  e cantando  “Ave Maria”.  A mãe perdeu a paciência com aquele ato inusitado e resolve dar um basta, através de um grito:
_ PARE COM ISSO, IDIOTA!
Foi o bastante para a vela se apagar e a casa  voltar a ficar numa escuridão total e o pior sem nenhum fósforo.  


sexta-feira, 6 de março de 2015

Lógica infantil


Eis que  a família está reunida em volta de uma linda garotinha de 2 anos. Mãe, avô, tia, primos e até a bisavó  se encanta com a beleza de netinha. 
De repente a mãe da garota questiona:
_ Fale para mamãe, quem é o bebê mais lindo do mundo?
Antes da criança responder a bisavó resolve ajudar a criança e diz:
_ Fale meu amor, eu! Eu sou a mais bela do mundo!
A criança sorri e responde:
_Vovó!

                                E. Amorim



        * Imagem da Galeria de Regina Oliveira, Mamãe e filhinha. ( disponível na WEB)

quinta-feira, 5 de março de 2015

Soletrando


Uma criança de quatro anos chega à escola.  E a “tia”   estava trabalhando a leitura de palavras.  Para tal ela espalhou vários rótulos de sabonete, sabão em pó, caixa de fósforo,  guaraná, caixa de palito entre outros  e  passa a mostrar como  se pronuncia cada palavra.
E fica naquela aula chata que pouco acrescenta a  uma  criança de 4 anos...
E depois de muito repetir as mesmas palavras,   a “tia” resolve testar a capacidade das crianças. Chama Marina* para fazer a leitura, usando   um rótulo de sabão em pó,  ela diz:
_ Crianças, vejam como é fácil!  Marina irá ler para gente...  repita comigo, Marina: O –M0!
E Marina repetiu:
_O- MO!
A “tia” toda feliz, diz:
_ Muito bem, Marina. O-MO   que palavra é essa mesmo?
E Marina sem pensar duas vezes responde:
_Sabão em pó.


                                              
                                                    E. Amorim


   * nome fictício da criança pois o identidade foi preservada. 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Vovô desatento

*

De repente o vovô olha para o varal e percebe que havia uma calcinha rosa no meio das camisas. Rapidamente retira e vai guardá-la. Quando sua esposa percebe o que ele estava fazendo questiona:
_Para onde você está indo com essa calcinha?!
O vovô a  olha como se tivesse ouvido uma pergunta indiscreta, e de forma aborrecido como se  respondesse o óbvio:
_ Que pergunta, minha velha! Vou guardá-la na gaveta de minha netinha, claro.
A esposa sorri e disse:
_É porque essa calcinha é minha!

E. Amorim/2015





* Van Gogh, Velho entristecido ( ilustração)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O guia


*

Certa vez  um casal precisava  de um guia para se deslocar de uma cidade para outra,  como a pista era mal sinalizada pede ajuda a uma amiga que constantemente fazia o trajeto.  E pegaram a estrada.
Num determinado trecho  chega o ponto crítico, pois estava em uma cidade desconhecida para ele,  não sabia exatamente que rua seguir para encontrar com a rodovia almejada.  E nesse momento a ajuda do guia era fundamental. Assim, o moço ao volante  pergunta:
_E agora amiga? Que direção seguiremos?
A amiga olha para um lado e para o outro, coça a cabeça e pede para reduzir a velocidade e com a cabeça para fora do veículo como se procurasse algo, diz:
_Como é que vou saber?!  A minha referência é uma velhinha que toda vez que eu passo aqui ela está na janela...  Só que agora ela sumiu  e as casas são todas parecidas. É só você passar pela rua da "velhinha na janela" que sei que estamos no caminho certo.

                                  E. Amorim/2014



* Alan Salomão, A mulher na janela. ( disponível no blog do próprio autor)  - Apenas ilustração.